
No dia 25 de fevereiro de 2016 entre as 14h e as 17h a nossa turma deslocou-se à Corujeira na Tabua para fazer uma visita guiada às Estufas, esta atividade foi-nos proposta pela nossa colega Carla Fernandes. Após a chegada, iniciamos a nossa visita com o proprietário das estufas.
A primeira estufa visitada continha 2200 tomateiros, (Solanum lycopersicum), com 31 dias. Nestas culturas não eram utilizados solos orgânicos mas sim, fibras de coco (produzidas e importadas da América Latina), isto porque, este material é isento de sais minerais (assim podemos colocar a quantidade necessária de determinados sais que a cultura necessita, sem a interferência de outros sais)- como por exemplo o potássio, que faz crescer o fruto enquanto que o azoto faz crescer a planta-, é totalmente permeável, retém a humidade do ambiente e é reutilizável. Como as fibras de coco são totalmente permeáveis, utilizam-se dois processos para fornecer a quantidade de água necessária à cultura: o sistema de irrigação conta-gotas e uns furos na parte inferior do balde.
O sistema de irrigação conta-gotas é utilizado para fornecer água à parte superior da planta é um sistema com um rendimento elevado ao contrário dos dispersores (os dispersores têm um rendimento mais baixo porque existe uma grande quantidade de gotículas de água que é evaporada). São necessários furos na parte inferior do balde para evitar a morte radicular – quando à excesso de água na raiz e esta morre.

Figura 1 - Estufa nº 1 com 2200 tomateiros. O fio branco suspenso utiliza~se no tuturamento.
Tutoramento
O meio de tutoramento mais comum é o fitilho. A estrutura consiste de um fio de arame estendido ao longo do canteiro. Ele pode ser suportado por postes independentes da estrutura da estufa. Um outro fio (fitilho) é amarrado na base da planta e no fio de arame. Conforme a planta vai crescendo, ela é enrolada no fio vertical.
Alguns agricultores preferem esticar outro fio de arame próximo ao tomateiro e, ao invés de amarrar o fio vertical na base da planta, amarram neste arame (Fig. 1).
Vantagens do tutoramento
-Melhor sanidade e qualidade dos frutos devido à ausência de contato com o solo;
-Melhor ventilação;
-Floração com maior regularidade;
-Favorece a sanidade da folhagem;
-Facilita a colheita dos frutos.

Figura 2 - Nesta figura podemos visualizar o suporte de fibra de coco e o sistema de irrigação conta-gotas ( o tubo cerca do balde).
A seguinte estufa visitada tinha 1880 culturas de pepino com 8 dias. O Sr. Duarte falou da importância das temperaturas nas estufas, afirmando que uma cultura de pepinos no inverno leva 40 dias até à colheita enquanto que no verão leva entre 25-30 dias até à colheita. Uma das estratégias utilizadas para o aumento da temperatura é a utilização de enxofre nas culturas, este aumenta a temperatura até 5°C, para além de aumentar a temperatura o enxofre também elimina determinados fungos e combate os oídeos. Contudo, se adicionarmos o enxofre em culturas muito “jovens” estas podem aumentar a temperatura de tal modo que acabam por queimar, outra precaução que devemos ter com o enxofre é o facto de este ser altamente inflamável.

Figura 3 - Estufa nº 2 com 1880 pepinos com 8 dias.


Figura 4 - Esta folha de pepineiro contém manchas brancas que correspondem aos oídeos, erisifáceos sp.
Figura 5 - Enxofre a olho nú.
Na terceira estufa visitada, encontravam-se 1800 pepinos já na fase da floração. Nestas culturas ao invés de utilizar fibra de coco utiliza-se arião de mina misturado com farelo de madeira em contrapartida este tipo de suporte necessita de maiores quantidades de água. Nestas culturas, encontravam-se algumas espécies murchas ou com oídeos. Foi-nos explicado que como os suportes são reutilizados até duas vezes, na segunda utilização pode já acarretar fungos e diminuir assim a produção. É importante também que não se reutilizem os suportes na mesma espécie, devido às pragas.

Figura 6 - Observação de pepineiros já na fase de floração. Podemos constatar que o terceiro pepineiro a contar da esquerda para a direita está murcho, possivelmente devido à reutilização do suporte que já continha fungos.
Fora das estufas, observamos uns terrenos com cebolas, verificamos que as cebolas devem ser plantadas no fundo do balde pois quando o bolbo se desenvolve, este expande e faz com que a planta suba (Fig. 7).

Figura 7 - Observação do bolbo da cebola na parte superior do vaso.
A seguinte estufa, tinha 1870 tomateiros com mais de 90 dias. Nestas culturas, para obter maior produção eram utilizadas abelhas polinizadoras. Numa cultura normal sem abelhas cada tomateiro produz 2-3 tomates em cada cacho enquanto que após polinizados cada tomateiro produz 7-8 tomates em cada cacho.
Para proteger os tomateiros das lagartas, são plantadas alfaces nos baldes, assim as lagartas são atraídas para as alfaces, quando aí se encontram são aplicados inseticidas.

Figura 8 - Nesta imagem observamos a técnica utilizada para afugentar as lagartas dos tomateiros.
Armadilhas
Uma das grandes causas para a diminuição da produção na agricultura são os insetos e as pragas. Daí que ao longo do tempo foram-se desenvolvendo novas estratégias para a proteção das culturas. Nestas estufas eram utilizadas vários tipos de armadilhas: placas adesivas amarelas para combater a mosca/borboleta branca, Aleyrodidae sp (Fig.9), placas adesivas azuis (tripo, Adiheterothripidae sp), fitas amarelas espanta pássaros – nas localidades é usual ultilizarem CD's pois tem a mesma função – afugentar os pássaros. Além destas armadilhas criadas pelo Homem, podemos encontrar armadilhas naturais como as teias de aranha (prendem os insetos voadores), sapos ou estratégias utilizando outras plantas (Exemplo das alfaces fig. 8).
Além destas estratégias, todas as sementes estavam devidamente fechadas para que os ratos não as possam comer.

Figura 9 - Uma das estratégias utilizadas nas estufas são as placas adesivas amarelas.
Tratamento dos suportes
Os suportes utilizados têm de ser devidamente arejados e drenados para a sua reutilização. Todos os baldes e materiais utilizados são desinfetados em lixívia, com a finalidade de exterminar os fungos que possam ter.
Sementeiras
A nossa colega, Carla Fernandes, exemplificou como fazer uma sementeira com sementes de aboboreira. As etapas foram as seguintes:
1. É necessário um suporte que neste caso já estava colocado (para poupar tempo);
2. Fazer um furo em cada parcela da sementeira;
3. Colocar uma semente em cada orifício;
4. Cobrir com turfa;
5. Regar;
6. Fechar a caixa das sementeiras;
Utilizam-se os protetores das sementeiras para dois fins, consoante a estação do ano: para os raios de sol não baterem diretamente nas sementes no verão, e para manter o calor no inverno além da proteção contra os ratos.

Figura 10 - Preparação para a exemplificação da elaboração de um sementeira.
Em primeiro lugar, queria agradecer ao Sr. Carlos Fernandes por nos fazer uma visita guiada às estufas, ao professor Sílvio Jesus por nos proporcionar esta visita de estudo e à minha colega de turma Carla Fernandes pela iniciativa. Na minha opinião, acho que esta visita foi muito enriquecedora, pois pudemos estar em contato e ter uma melhor perceção do que é o ambiente numa estufa e o que nela se faz. Aprofundamos conhecimentos e adquirimos novos conceitos quer sobre a produção de culturas quer como controlar as pragas, entre outros, bem como entendemos melhor a morfologia da Ribeira Brava.
Foi-nos proposto pelo proprietário passar um dia na estufa, não como visita mas desta vez para trabalhar durante um dia, eu particularmente adorei a ideia, pois é sempre uma maneira de adquirir experiência e tentar despertar interesse em outras áreas.
Ápos a demonstração de como preparar uma sementeira foi-nos mostrado alguns vídeos relativos ao 20 de Fevereiro de 2010. Pudemos ver que as estufas foram afetadas e ainda existem sinais dos estragos.
Ao terminar a visita regressamos à escola a pé podendo assim conhecer alguns aspetos geomorfológicos da Freguesia da Ribeira Brava.

Escoadas lávicas
Este material piroclástico por ser de cor negra mostra que é mais recente que os materias ao seu redor
A cor vermelha deste material piroclástico mostra que houve alteração.
Este material piroclástico está muito alterado, daí a alteração da cor para amarelo/esbranquiçado. Tudo indica que estes materiais no passado eram pedra-pomes.
Figura 11 - Ao ir para a escola pudemos observar material piroclástico e no topo uma escoada lávica.
Figura 12 - Observação do vale da Ribeira Brava.
Nota: Todas as imagens da respetiva atividade foram-me disponibilizadas, nomeadamente, pelo minha colega de turma, Jessica Constantino.