I JORNADAS DE GEOLOGIA DA EBSPMA
12H00: Painel III
“Pedreiras - Segurança, Higiene e Ambiente”
Professor Doutor Ruben Martins Universidade de Évora
12H25: “ A Licenciatura em Engenharia Civil”
Professor Doutor João Martins Universidade da Madeira
12H35: Painel IV
“Túneis Rodoviários Antigos da Madeira”
Eng.o Roberto Alves Mestre em Engenharia Civil pela Universidade da Madeira
13H00 – 14H00: Almoço livre
14H00 – 18H00: Visita de Estudo à Pedreira da Malhadinha
“A Produção de Rochas Industriais e Ornamentais”
Eng.o Nuno Serrado. Grupo Madeira Inerte
Esta foi uma iniciativa do ex-aluno Sandro Vicente e do grupo de biologia da nossa escola que veio com o objetivo de dar a conhecer e a aprofundar conceitos sobre rochas e minerais, consciencializar os alunos sobre o futuro do nosso planeta e como devemos reagir face a este problema. Os convidados também deram o seu testemunho sobre a vida universitária e deram concelhos aos alunos sobre as licenciaturas. Contamos com a presença especial de geólogos da universidade da Madeira e de Évora. Nomeadamente o Professor Doutor Jorge Pedro, Eng.o João Baptista Pereira Silva, Professor Doutor Pedro Nogueira, Professor Doutor Ruben Martins da Universidade de Évora e Professor Doutor João Martins e Eng. Roberto Alves da Universidade da Madeira. E ainda a participação do Eng. Sandro Vicente um ex-aluno da escola, o qual teve um papel fulcral para a realização do projeto.
O painel I foi aberto pelo Professor Doutor Jorge Pedro licenciado em petrologia, mineralogia e geoquímica, com o tema “Rochas e Minerais: Compreender, Utilizar e Conservar”. No seu discurso clarificou a ideia de rocha e de mineral mostrando assim a estrutura interna da Terra ( modelo físico e modelo químico). Realçou as diferenças entre os minerais que têm valor econômico ( diamantes, safiras, rubis ) dos que o Homem realmente necessita para o seu dia-a-dia ( calcite, quartzo, feldespato ) dando assim exemplos de objetos usados no quotidiano que contem minerais.
O último tema abordado foi a conservação de estruturas mineralógicas. Referiu os equipamentos necessários para a restauração e deu exemplos de restaurações nacionais ( muralha de Évora, Câmara Municipal de Amarantes) e internacionais ( Afrescos Capela Sistina).
O Eng. Sandro Vicente licenciado em Engenharia Geológica e o Eng. João Martins licenciado em Engenharia Civil deram o seu testemunho de vida e dos desafios universitários conscializando os alunos da importância da tomada de decisões após o 12 ano de escolaridade.
O seguinte tema foi discursado pelo Professor Doutor Pedro Nogueira da Universidade de Évora, licenciado em Engenharia Geológica. O engenheiro começou por dar a duas definições (recurso renovável e não renovável) afirmando que “O Homem transforma os recursos renováveis em recursos não renováveis.” Alertou também para o problema do nosso planeta: a população mundial está a crescer e necessitamos de ter recursos suficientes para abranger as necessidades de toda a população, para isso temos de gerir melhor os recursos disponíveis no nosso planeta. Avaliou os prós e os contras dos carros elétricos vindo a afirmar que os carros elétricos usam baterias e estas são construídas através de materiais não muito abundantes na Terra e estas têm um grande impacto ambiental.
Programa
“Geoengenharia: Conceitos e aplicações”
5 de Fevereiro (Sexta Feira)
10H00-10H15 Receção dos Participantes
10H15: Sessão de abertura
10H30: Painel I
“Rochas e Minerais: Compreender, Utilizar e Conservar”
Professor Doutor Jorge Pedro Universidade de Évora
10H55: “A Licenciatura em Engenharia
Sandro Vicente
Licenciado em Engenharia Geológica pela Universidade de Évora
11H05:Painel II “Os Recursos e o Nosso Futuro em Comum”Professor Doutor Pedro Nogueira Universidade de Évora
11H30: Cofee break

Figura 1 - Definição de recurso mineral e divisões do mesmo. Visualizado a 07/02/2016 em http://pt.slideshare.net/paulotmo/explorao-mineral

Figura 2 - Jessé antes e após a restauração. Visualizado em 09/02/2016 às 22:30 em https://pt.wikipedia.org/wiki/Restauração_dos_afrescos_da_Capela_Sistina. Na figura da esquerda mostra o escurecimento das cores para um monocromático, fissuras do gesso e pinos de metal de uma estabilização anterior, manchas de fluxo de água, depósitos de sal, escurecimento de salitre e repinturas enquanto que na figura da direita mostra o brilho das cores após a limpeza. As rachaduras maiores e espaços dos pinos de metal foram preenchidos e coloridos para combinar áreas adjacentes. Rachaduras menores são mais visíveis, em contraste com a superfície brilhante. Os anéis de salitre são irreversíveis. Esta reparação apenas é possível com conhecimentos geológicos como por exemplo para reparar as rachaduras e danos estruturais que ameaçavam a estabilidade do gesso.
O painel III foi aberto pelo Professor Doutor Ruben Martins da Universidade de Évora com o tema “Pedreiras - Segurança, Higiene e Ambiente”. No âmbito da segurança realçou a importância e a sua obrigação. Algumas medidas de segurança salientadas foram: os trabalhadores devem usar os equipamentos de proteção individual necessários (botas de proteção, capacete, entre outros), as pedreiras devem ser vedadas e devidamente sinalizadas, com sinais de perigo, de proibição, de obrigação, de informação e de emergência, ou outros, as pedreiras devem ser alvo de estudos de ruído nos postos de trabalho, caso os níveis de exposição pessoal diária exceda os 85 dB(A) em algum local, deve ser preenchido um quadro individual de exposição para os respectivos trabalhadores, definidas medidas de prevenção e proteção (protetores auriculares) e renovadas anualmente as medições de ruído efectuadas nesses locais, deve existir um socorrista na pedreira por cada 20 trabalhadores (trabalhador com formação em socorrismo), etc. Na higiene é fulcral existir instalações sociais e de higiene (refeitório, sanitários, vestiários e duches), adequadas ao número de trabalhadores.
No impacto ambiental é importante salientar que os governadores têm de respeitar o Plano Director Municipal (PDM) - é um instrumento de planeamento /ordenamento territorial de natureza regulamentar, que vincula a administração e os particulares, cuja elaboração é obrigatória e da responsabilidade do Município. Pois por vezes os municipios permitem a empresas privadas a construção muito proxima de pedreiras levando assim a alguns riscos. Por outro lado as pedreiras após o seu encerramento podem ser úteis como por exemplo para o turismo industrial.

Figura 3 - Pegadas da Serra de Aire, uma antiga pedreira onde se descobriram pegadas de dinossauros em 1994, dando assim origem ao espaço actual, de grande importância paleontológica. Além de atracções como o “Jardim Jurássico”, encontram-se os maiores e mais bem conservados trilhos de saurópodes de que há conhecimento: são mais de 1000 pegadas com 175 milhões de anos. Visualizado a 10/02/2016 às 18:59 em http://blog.toprural.pt/author/flavio-bastos/page/4/

Figura 4 - Pedreira Plácido Simões, situada no flanco nordeste do anticlinal de Estremoz, desce mais de 80 metros em profundidade, num total de 14 pisos e 40 mil metros quadrados. Após esta pedreira ser fechada é utilizada como turismo industrial, tendo um elevador que desce até o fundo da pedreira onde se pode observar o “ouro branco do Alentejo”, como o mármore é chamado. Ali perto há ainda uma pedreira inativa à qual os locais chamam de “Lagoa Azul do Alentejo”, dada a cor da água fazer lembrar a lagoa açoriana. Visualizado a 10/02/2016 às 19:53 em http://kameraphoto.photoshelter.com/image/I0000ZhGXc5Pp1Ko
O quarto e último painel foi discursado pelo Eng.º Roberto Alves Mestre em Engenharia Civil pela Universidade da Madeira, que começou por realçar que a orografia muito acidentada da ilha da Madeira, caracterizada por vales profundos e vertentes escarpadas, constituiu desde sempre uma barreira à mobilidade, dificultando a circulação de pessoas e bens entre os diversos pontos da Ilha. Em consequência, o desenvolvimento de uma rede viária adequada à circulação de veículos automóveis, a partir do final da déc. de 40 do séc. xx, representou um enorme desafio, quer ao nível de conceção e de projeto, quer ao nível da construção, pois com um relevo tão irregular e acidentado, impunha-se o recurso a inúmeras obras de engenharia civil, como pontes, pontões e muros de suporte e, inevitavelmente, túneis (conhecidos na Madeira por “furados”). Efetivamente, nessa época começaram a ser construídos os primeiros túneis rodoviários ao longo de toda a ilha, por forma a satisfazer as exigências da circulação rodoviária nas ligações entre povoações.

Figura 5 – ER 101 e Túnel do Véu da Noiva: 1955 O túnel do Véu da Noiva, o mais emblemático dos túneis mais antigos da ilha da Madeira, pelo seu enquadramento paisagístico e elevado interesse turístico, colapsou em 2008. Localizava-se sob um vale suspenso, por onde a água da ribeira João Delgado caía diretamente para o mar formando uma cascata. O colapso foi devido ao recuo da arriba subjacente pela ação erosiva do mar, envolvendo a parte da ER101 onde se situava o túnel e formando uma fajã na sua base. Visualizado a 22/02/2016 às 16:03 em http://aprenderamadeira.net/tuneis-rodoviarios-da-ilha-da-madeira/
O Engenheiro afirmou que foi a partir do final da déc. de 80 que se verificou um acentuado crescimento na construção de novos túneis, nomeadamente no que concerne aos acessos entre o Funchal e as restantes cidades da ilha da Madeira. O plano de acessibilidades elaborado assentou na construção de uma via rápida e de sete vias expresso (Fig. 4). A via rápida (VR1), a obra rodoviária mais importante, localizada no sul da Ilha, estabelece a ligação Ribeira Brava‑Funchal-Caniçal, e caracteriza-se por duas faixas de rodagem, uma em cada sentido, assumindo particular importância por permitir a ligação entre a cidade do Funchal, o aeroporto de Santa Cruz e o porto do Caniçal. Até 2004, foi concluída a construção de mais 44 túneis, dos quais se destacam o maior túnel rodoviário de Portugal (Faial-Cortado), com 3170 m de comprimento, e o maior túnel duplo de Portugal (Caniçal), com 2140 m de comprimento.
Os túneis mais antigos foram escavados, na generalidade, em maciços com boas características resistentes, como basaltos e brechas compactas. As secções destes túneis foram condicionadas pelo vão e pelo maciço envolvente, tendo evoluído de uma secção retangular ou quadrada com cerca de 25 m2, para uma secção transversal em arco superior a 50 m2, com contorno irregular (Fig. 6).

Figura 6 - Evolução da secção média entre 1955 e 1990. Visualizado a 22/02/2016 às 16:10 em http://aprenderamadeira.net/tuneis-rodoviarios-da-ilha-da-madeira/


Figura 7 -Túnel II do Grupo do Curral da Freiras com secção retangular (entrada em serviço em 1959). Visualizado a 22/02/2016 às 16:13 em http://aprenderamadeira.net/tuneis-rodoviarios-da-ilha-da-madeira/.
Figura 8 - Túnel Fajã da Areia com secção em arco (entrada em serviço em 1984). Visualizado a 22/02/2016 às 16:15 em http://aprenderamadeira.net/tuneis-rodoviarios-da-ilha-da-madeira/.
Acho que esta conferencia foi uma mais valia para todos os presentes, através desta experiência pudemos conhecer novos conceitos e aprofundar os anteriormente estudades. Pessoalmente, acho que é um previlégio estar numa escola que organiza eventos destes, pois é uma maneira diferente e didática de aprender. Saí desta conferência com uma visão diferente sobre o mundo ao nosso redor! Queria agradecer a todas as entidades que tornaram esta conferência possível.